quarta-feira, 13 de junho de 2012


Neons azuis e vermelhos turvados pela constante garoa fina, reparo nos inúmeros desamores de corpos cansados, de copos vazios, sentimentos vazados... Gostos amargos na boca seca de almas recosturadas, um sax ao fundo cantando tangos argentinos, mais rasos que as entranhas da terra.
Constantes olhares de sórdido desgosto, de amargo calor humano, consumidos pela necessidade carnal da constante embriaguês... Triste sonho de um verão chuvoso, uma fúnebre vida em preto e branco e finalmente a perícia imunda de conseguir passar despercebido pelo olhar opressor de uma lua sempre vigilante...

Não é uma cidade, era um coração.

Um comentário:

  1. Dé,
    Mais uma vez vc soube transpor muito bem o pictório para o escrito. A profundidade da imagem tb é excelente e a observação do "pintor" bastante e belamente lírica.
    Só achei desnecessária a frase final, a imagem híbrida da cidade/coração era mais rica do que exposta claramente. A não ser que o texto tenha continuação..
    Ah, sim, a música tb está lindamente presente, mas o que escuto no seu texto não é um tango, e a escolha desse repertório pro sax talvez conflitue com a real música ao fundo na obra, e fica até meio clichê.. mas o sax é muito cabível, porque exprime notas alongadas, assim como o momento que pintou e a aliteração em fricativas (v, z, s) que usou!
    No mais, meu amigo, sou sua fã e leitora assídua e vc sabe!
    Bjo

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